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A Renascer Produções Culturais organiza o Seminário Internacional de Crítica Teatral desde 2005 evento que reúne estudantes, profissionais e estudiosos de diferentes formações acadêmicas em um compartilhar de experiência, opinião e conhecimento dos mais diversos países, com o propósito maior de fazer avançar o desenvolvimento do discurso crítico sobre a criação teatral, em todo o mundo. O exercício da crítica de teatro como disciplina e a contribuição para o desenvolvimento das suas bases metodológicas constituem, assim, a prática do Seminário Internacional de Crítica Teatral, levada a cabo por críticos do teatro e uma gama de especialistas nas áreas de conhecimento que entrecruzam comunicação, história, filosofia, arte, literatura e teoria teatral, dentre outras. O Seminário Internacional de Crítica Teatral é um projeto que busca implementar no estado de Pernambuco um espaço permanente de debate sobre a estética teatral contemporânea. A edição 2011 tem como tema o Teatro fora dos Eixos. Todas as atividades desenvolvidas pelo seminário terão como base a discussão das poéticas cênicas que estão se propondo em produzir trabalhos que estão fora do cânone do teatro ocidental.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Leitura Crítica - Faca de 2 Gumes

OS DOIS LADOS DE UMA FACA

Márcio Braz

Composta pelos textos “Febre que me segue” e “Sodomia Song” de Breno Fittipaldi e Wellington Júnior respectivamente, a leitura dramática intitulada “Faca de Dois Gumes” bebe no universo homoafetivo para falar de paixão, delírios, sexo e erotismo.

O primeiro texto tem como protagonistas Pedro e Lui. Uma relação, quase um fetiche de um com o outro até a consolidação do encontro e a declaração simples e direta do jovem Lui, de 18 anos, ao coração ansioso e desesperado de Pedro. O texto guarda muitas referências de Caio Fernando Abreu e o estilo de composição se assemelha a um conto narrado sempre em primeira pessoa. A narrativa é excessiva e com poucos diálogos; a impressão que se tem é que a transposição deste para o palco deverá exigir do encenador um poder de concentração e manejo na condução da história de forma a quebrar com a sonoridade uníssona do texto.

Já “Sodomia Song” trata dos delírios imagéticos de um jovem durante a prática da masturbação. No fetiche imaginativo do rapaz são fisicalizados todo o repertório de frases e vocabulários comuns a boa (ou alguma) parcela de homossexuais. Um brainstorm gay que finaliza com o gozo do rapaz em palavras delirantes.

Como situação dramática, o primeiro texto se integra mais ao exercício teatral, pois sugere diversas possibilidades de encenação – inclusive no acerto de problemas já apontados – alem de possuir uma trama definida e sensibilidade poética. Já o segundo se dirige mais à performance e à cena curta acompanhando o ritmo e a brevidade do ato masturbatório, com comunicação imediata da plateia e suas frases cheias de lugares-comum do dialeto gay.

Os atores responsáveis pela leitura dramática, a saber, Breno Fittipaldi, Nelson Lafayette, Rodrigo Dourado e Tiago Gondim, dirigidos pelo talentoso Wellington Júnior, se empenharam em performances inspiradas, com dicção e projeção corretas mas “mastigavam” o texto para a plateia se utilizando da mais comum e fácil intenção, sem perceber os entrechos, silêncios e ritmo que, sobretudo, a primeira obra exigia.

A leitura dramática dos textos enfeixados sobre o título “Faca de Dois Gumes” promoveu um encontro de possibilidades na noite do dia 30 na simpática Casa Mecane em Recife. Vejamos os próximos passos deste tango...

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