MANCHA DE DÚVIDA
Vinícius Vieira
Apagam-se as luzes. A penúltima apresentação do festival de cenas curtas, o RECIFASTTEATRO, está para começar. A esquete Mancha de Sangue do grupo teatral Anjos de Teatro inicia com a entrada eletrizante da música heavy metal. Os atores aparecem no palco e a expectativa cresce, mas logo é desiludida com a tentativa frustrada de um trabalho que pretendia impactar a platéia em um final surpreendente.
A história perpassa o período da inquisição, momento em que a Igreja detinha grande poder na sociedade. Quatro personagens encontram-se encarcerados e estão prestes a queimar na fogueira pelas práticas subversivas que cometeram, são valores de um período que soam como absurdo para os nossos dias, embora ainda encontremos “alguns” preconceitos alicerçados na fé cristã ou na ignorância de algumas pessoas. Em meio a aflição de aguardar a morte os prisioneiros desafiam o poder supremo com o suicídio, ato-manifesto que traz a tona o misto de coragem e covardia. Porém nesse grupo há um bruxo, o único sobrevivente, que usa a persuasão para ludibriar os demais convencendo a todos que se matem. Em seu triunfo o feiticeiro revela que tudo não passou de uma aposta com o inquisidor.
Esse era o final surpreendente.
A encenação revela fragilidade, a dramaturgia e a interpretação são inconsistentes e a platéia, ao término da apresentação, fica com uma mancha questionadora na cabeça além da sensação de vazio e incompletude. A luz geral ilumina o espaço e ficamos a perguntar: o que aconteceu?
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